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domingo, janeiro 20, 2008

Histórias que se ouvem por aí

As coisas incríveis que se ouvem contar, nas mesas dos cafés e nas tascas deste País, que reflectem o dia a dia de todos nós, são muitas delas de ir às lágrimas, muitas vezes de desespero mas outras de gargalhada pelo ridículo.

Desta vez foi J., um admirável interlocutor das mesas do café, onde poiso parte dos meus dias.

Pois J. há alguns anos ainda jovem, regressado do Ultramar, como se dizia nesses tempo, foi viver para casa da sogra. Um dia feitas as suas lavagens matinais, constatou com grande apreensão que estava roxo.

Regressado de África continente dos paludismos e das febres esquisitas, logo pensando no pior, decidiu ir ao hospital. Atendendo a que a mulher não tinha carta de condução, recomendou-lhe, avisadamente, que fosse segurando o travão de mão do automóvel, pois caso se sentisse pior ela deveria puxá-lo que o carro logo havia de parar.

Vários exames lhe foram feitos no Hospital. Não lhe tendo sido detectado nada de preocupante, embora com reservas, mandaram-no para casa, com a recomendação de ao mínimo sintoma negativo, lá voltar de imediato.

Tendo encontrado o pai este também apreensivo com o aspecto arroxeado do seu filho, insistiu em levá-lo a um médico particular de sua confiança.

Naturalmente que enquanto J. era observado pelo médico, os familiares ficaram na sala de espera.

O que não esperavam era que de repente começassem a ouvir grandes gargalhadas, vindas de dentro do gabinete do médico.

A receita tinha sido bem simples, "vá para casa e lave a cara" disse o médico, perante a surpresa de J., acrescida quando o doutor lhe mostrou um pedaço de algodão pintado de roxo.

Aí J.percebeu o que havia acontecido porque roxas eram as toalhas que sua sogra tinha comprado, numa loja barateira qualquer e que havia tingido a cara do jovem J.

2 comentários:

gisela cañamero disse...

é o que tem o extraordinário da nossa realidade - para quê a ficção, com estímulos destes?

Luís Maia disse...

Gisela

Esta é para rir sem dúvida , ou para chorar (repara na qualidade dos serviços hospitalares)

Porém ouvem-se muitas histórias pelas mesas dos cafés, algumas com sintomatologia da pré-demência que vai assolando este povo já demasiadamente "socratizado"

Luis Maia